Quando decidi que faria um novo blog, dessa vez com muito mais cara de diário de verdade, fiquei no impasse de como chamá-lo. Afinal, tinha que ser algo que viesse a demonstrar toda a veracidade meio falsa do que aqui é escrito. Não que o que tenho escrito seja mentira, não é isso. Mas acontece que o dia-a-dia, muitas vezes por si só, já demonstra uma certa controvérsia entre verdade afirmada e verdade quista. Por isso, para nomear tal blog decidi recorrer à mitologia pessoal.
No folclóre Malina conta-se a estória de uma árvore oráculo. Cada guerreiro e caçador da tribo, alguma vez já se consultou com tal árvore. É a mais alta e maior árvore encontrada na mais alta montanha que a vista pode alcançar, quando se está de pé, olhando para o ponto de onde o sol nasce, no centro da tribo.
Diz-se que essa árvore não possui sombra e que mesmo quando o sol está a pino, as folhas da copa não fazem sombra no chão. Quando uma pessoa se aproxima para perguntar algo, a árvore se dobra e fica a esperar, como se ouvisse a pessoa. Quando a pessoa termina de perguntar, a árvore volta a sua envergadura ereta e uma sombra surge no chão, independente da hora do dia, ou da noite. Se a sombra aponta para o lado do nascer do sol a resposta à pergunta é afirmativa; quando aponta para o lado oposto é que a resposta é negativa; quando aponta para o Norte, a resposta é impossível, ou seja, a pessoa deve perguntar novamente, revelando o verdadeiro desejo de seu coração, pois perguntou de forma hipócrita, sem revelar tudo; quando aponta para o Sul, a resposta é mais difícil de se determinar, mas costuma-se dizer que significa que cabe a outra pessoa resolver o problema e não ao questionador.
Há porém, um caso raríssimo. A árvore, ao voltar para sua posição perfeitamente vertical, não produz sombra alguma. É como se não houvesse ouvido a pergunta, ou não quisesse responder. Esses casos ocorrem porque, de acordo com a mitologia Malina, nem todos os caminhos estão escritos e é necessário que cada pessoa escreva seu próprio caminho, algumas vezes. Essa sombra que não aparece é chamada por eles, em uma tradução muito complicada para a nossa língua, de sombra indecisa, pois não é a sombra que deve responder, mas o próprio questionador.
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